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sábado, 21 de setembro de 2013

COLUNA: ALGO SOBRE... TEMPOS DE ESCOLA

SUETONIO FARIAS
Os tempos de escola realmente mudaram! Num passado não tão distante assim, a escola era como se realmente fosse nossa 2ª casa, pois nela havia respeito, ordem, seriedade, descontração, lições para o futuro e companheiro entre todos.

Lembro-me bem desse tempo. Chegava, no mínimo, 10 minutos antes da chamada para a 1ª aula; ficava aguardando ansioso no pátio da escola os professores chegarem e receber um satisfeito cumprimento. Ali, os mestres realmente eram vistos como verdadeiras figuras honrosas; quando eles chegavam para a labuta, recebiam toda a atenção dos pupilos, traduzindo um sentimento de respeito e admiração.

A sala de aula era como se fosse um local pleno da bela ordem, o inverso de um carnaval. Nela, as chamadas conversas paralelas eram uma exceção, visto que bastava um simples olhar do lente para nos envergonharmos daquela atitude incômoda. A referência ao docente atendia sempre pela respeitosa forma de Senhor (a). As atividades em sala eram pacientemente ouvidas e desgastadas pela vontade de apreensão do assunto, mesmo que fosse para decoreba. A hora da famosa merenda era o recreio configurado, uma festa só, mesmo que, ás vezes, fugisse um pouco do controle.

Havia, naquele tempo, uma saudável disputa pela maior nota da sala. Obter um 8 em qualquer disciplina era motivo imediato para ficar triste e, acredite-se, envergonhado. Vale ainda dizer que essa disputa por destaque nas provas gerava até intrigas, mesmo sendo passageiras. Naquele tempo, as cadeiras serviam mesmo para assento, e as carteiras para apoiar o material didático; e não era permitido arrastar qualquer móvel no recinto escolar.

Às vezes dava sede ou vontade de satisfazer qualquer obrigação biológica, mas antes da ausência existia um tal de “licença, professor”; ou então, uma velada pergunta: “posso sair, professor?”.

Mas tudo isso era antigamente, tempo do rococó, totalmente démodé.

Hoje, vivemos uma sociedade moderna, para frente, o passado que fique lá no seu lugar.

Hoje, para que pedir licença se sei dos meus direitos? Para que prestar atenção no professor se ele não sabe nada de facebook? Para que chamá-lo de senhor, se ele é igual a qualquer um? De que adianta uma disputa boba por nota, se um tal “sistema” garante a promoção de uma série para a outra mesmo sem saber ler e escrever direito? Para que imputar um respeito tão grande com o professor, se até o título de “tio” ele perdeu? Por que ficar atencioso à aula, se preciso saber tudo da novela, festa, jogo, ou “babados” da redes sociais com meu colega? Muito menos, para que usar as cadeiras e mesas de acordo suas acomodações, se fica “mais bonito” fazer a mesa de cadeira?

É, muita coisa mudou! Tudo que antes era exceção virou regra nos dias de hoje. Disso, torna-se inevitável se questionar sobre os papéis nas escolas e famílias brasileiras.

O fato de a sociedade mudar é uma condição inevitável e necessária até, mas surge outra pergunta: precisava mudar tanto assim? Basta perguntar-se ainda, se estas mudanças causaram dor ou se mostraram indolores, porque se não doeram foram benéficas, do contrário se demonstraram como hostis.

Alguém pode estar dizendo: antigamente as escolas ensinavam pouco, e além de ditatorial, o aprendizado era mecânico e ausente de recursos, e que tudo hoje é moderno e cheio de meios metodológicos. O questionamento está correto, porém o que explica a disposição de tantos recursos e teorias, colidindo com o insuficiente, para não dizer ausente, aprendizado e total desrespeito nos educandários? Ou então, como explicar os reais resultados personificados nos estudantes de tempos outros, do tempo do decoreba, e a ausente perspectiva dos discentes da geração Y?

Não, não queria voltar aos tempos de outrora, mas dá uma saudade...

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